Tendo como inspiração o Programa de Mestrado
Profissional em Matemática em Rede Nacional (Profmat) – primeiro
curso de formação continuada stricto sensu no formato semipresencial aprovado
pela Capes em 2010 – as áreas que compõem a grande área Ciências Humanas estão
engajadas na criação de cursos semelhantes, que atendam ao objetivo de
qualificar os professores das redes públicas de ensino fundamental e médio em
todo o Brasil.
Carlos Fico da Silva Junior, coordenador da área de
História ProfHistória Para Carlos Fico da Silva
Junior, coordenador da área de História, que recentemente teve aprovada a
proposta de criação de curso de mestrado profissional em rede nacional, falou
sobre a importância da recomendação. "Nós já tínhamos há muitos anos essa
vontade de, a partir do sistema de pós-graduação, de algum modo, atuar também na
qualificação dos nossos alunos que saem da graduação e vão lecionar na educação
básica. Montamos esse projeto com o apoio de diversas universidades do Brasil
inteiro. Ele vai ser implementado brevemente e a gente está muito esperançoso de
que isso interfira positivamente na formação continuada dos professores de
história", ressalta.
O professor Fico disse ainda que a maioria dos alunos dos cursos de graduação
em história vão trabalhar justamente na área de ensino e, até recentemente, não
tinham oportunidade de uma formação continuada e o ProfHistória vai atuar
exatamente nesse sentido.
ProfGeo Já o professor João Lima Santanna Neto,
coordenador da área de Geografia, conta que nesse triênio houve longa discussão
a respeito dos mestrados profissionais e também do mestrado em rede, o chamado
ProfGeo. "Estamos iniciando as conversas com vários profissionais de ensino de
geografia nas universidades e logo que a gente voltar às atividades no ano que
vem, a partir de fevereiro, nós já vamos começar a organizar esse cronograma,
fazendo uma primeira reunião em Brasília, para criar esse primeiro programa de
mestrado profissional em rede", conta. Neto reconhece que a maior parte dos
profissionais formados na graduação vai para o magistério e que, desta forma, o
ProfGeo virá no sentido de ajudar na melhoria da formação profissional dos
professores de ensino básico do país.
João Lima Santanna Neto, coordenador da área de
Geografia
ProFilo Danilo
Marcondes de Souza Filho, coordenador da área de Filosofia, diz que a área está
muito interessada nessa linha de desenvolvimento. "Inclusive discutimos com os
coordenadores dos programas a possibilidade de abrir linhas de pesquisa e até
mestrados no ensino de filosofia para a qualificação dos professores do ensino
médio. Isso é uma prioridade para nós, porque como tem sido discutido aqui na
Capes, isso tem impacto nos diferentes níveis: a qualidade no ensino médio se
reflete na graduação, a graduação se reflete na pós-graduação. A educação é um
sistema, se você separar vai ter problemas".
Danilo Marcondes de Souza Filho, coordenador da área de
Filosofia Danilo Filho disse que a área está discutindo a criação de
um mestrado profissional em rede nacional – o ProFilo, ou um mestrado mais geral
em humanidades. "Particularmente, seria interessante o de filosofia. Acho que há
especificidades na filosofia, há uma discussão em andamento e já lancei essa
ideia aos coordenadores. Acredito que devemos amadurecer e encaminhar essa
proposta para a Capes já no ano que vem. É uma prioridade para nós."
Jacob Carlos Lima, coordenador da área de
Sociologia
Humanidades
Áreas que não estão
diretamente ligadas às licenciaturas se articulam para criação de cursos que
reuniriam as áreas de Ciência Política, Sociologia e Antropologia. Jacob Carlos
Lima, coordenador da área de Sociologia diz que as áreas estão conversando sobre
a proposta de um mestrado profissional em ciências sociais abrangendo as três
disciplinas. "A Sociedade Brasileira de Sociologia já se propôs a isso e nós
estamos organizando uma comissão para fazer uma proposta. É provável que a gente
apresente logo uma proposta de mestrado em rede de ciências sociais, voltado
para o ensino, já que hoje a sociologia é uma disciplina do ensino médio e
grande parte dos professores que a ensinam não tem formação específica na área",
afirma.
Lia Zanotta, coordenadora da área de Antropologia, ressalta que a melhor
opção para a área é a criação de um mestrado profissional em rede para a área de
ciências sociais. "Com a participação de professores que pudessem coordenar em
conjunto as disciplinas de sociologia, ciência política de antropologia. Nós até
chegamos a conversar, os três coordenadores, para que, assim que acabe essa
Avaliação Trienal, a gente organize um pequeno grupo para constituir essa
proposta."
Lia Zanotta, coordenadora da área de
Antropologia
Para Zanotta, da maneira que a forma do ensino médio
está posta, há uma predominância da sociologia. "Mas como aquele que é
sociólogo, professor de ciências sociais, é mais englobante que a sociologia,
pois permite uma interdisciplinaridade com antropologia e ciência política, a
ideia é, portanto, que a gente faça um mestrado profissional em ciências
sociais, mas que realmente englobe as três disciplinas", completa.
André Luiz Marenco dos Santos, coordenador da área de
Ciência Política e Relações Internacionais
Para André Luiz Marenco
dos Santos, coordenador da área de Ciência Política e Relações Internacionais, a
iniciativa é extremamente oportuna. "Penso que é possível, pelo menos, dois
tipos de formatos diferentes para um mestrado em rede em humanidades. Um, talvez
mais amplo, dedicado a uma formação mais humanística, uma formação em questões
sociais, políticas e econômicas, mas, sobretudo, eu acho que talvez um mestrado
em rede dedicado a formar quadros para a administração escolar pública", sugere.
O professor diz que há uma grande questão hoje no país que é a expansão das
políticas públicas e os correspondentes recursos orçamentários. Para as
políticas sociais a grande questão é a qualidade. "O problema crucial é a
questão da qualidade das políticas públicas e isso supõe a qualidade dos
gestores, a qualidade dos formadores e avaliadores de políticas. Seria de grande
relevância a criação de um mestrado em rede na área de humanidades que possa
juntar ciência política, economia, administração, sociologia, serviço social e
outras áreas, dedicado a formar funcionários públicos, analistas de políticas
públicas. O interessante é que esse mestrado em rede pudesse ter como clientela
não só os funcionários públicos, mas também os indivíduos que eventualmente
possam pensar uma carreira no setor público", concluiu.
Clarilza Prado de Sousa, coordenadora da área de
Educação Educação Para Clarilza Prado de Sousa,
coordenadora da área de Educação, há possibilidade de mestrado profissional em
rede quando se fala em gestão da escola, formação de professores de 1ª a 4ª
série, assuntos específicos da área de educação. "O que nós estamos preocupados
é que esses mestrados profissionais existentes capacitem o professor que depois
volta para a escola. Se o gestor da escola, o coordenador pedagógico não estiver
preparado para receber esses professores e integrar essa formação ao currículo
da escola, o professor capacitado não consegue trabalhar. A visão que nós temos
é que na educação básica o professor não é isolado, não é como na universidade,
que o professor da aula sozinho. Na escola, ele é orientado, coordenado, pela
equipe de professores coordenadores", reforça.
Clarilza Sousa diz que os mestrados profissionais da área de educação estão
buscando isso, preparar os professores, os coordenadores, orientadores,
supervisores, os diretores e os próprios técnicos da secretaria de educação para
interagir com esses professores formados na pós-graduação.
Carmem Moreira de Castro Neves, diretora de Formação de
Professores da Educação Básica Capes A diretora
de Formação de Professores da Educação Básica, Carmem Moreira de Castro Neves,
reforça que o grande desafio da educação brasileira hoje é a melhoria da
educação básica, o que passa pela formação de professores. "O mestrado
profissional é uma resposta muito eficiente e eficaz para os problemas que o
professor tem no dia-a-dia, ao mesmo tempo em que ele amplia seus conhecimentos
e competências docentes. Então, o Mestrado Profissional é esse diálogo entre
teoria e prática, que promove uma formação continuada do professor em um nível
crescente de complexidade, ao mesmo tempo em que permite a esse professor já
interferir positivamente em sala de aula", explica.
Carmem Neves destaca o impacto positivo que essas iniciativas possuem na
capacitação dos docentes da educação básica. "É, por isso que os professores, de
modo geral, veem com grande expectativa o mestrado profissional, porque eles
sabem que ao mesmo tempo em que eles estarão elevando sua proficiência na
didática, nas metodologias, no conhecimento relativo à área que ele trabalha,
estarão também colhendo bons frutos com os seus alunos", conclui.
Pedro Matos, Fabiana Santos e Gisele Novais |