Há mais de 20 anos participando da
avaliação e acompanhamento dos cursos de pós-graduação stricto sensu,
uma das consultoras da área de odontologia na Avaliação Trienal 2013,
Ana Maria Bolognese, falou sobre a evolução dos processos. Docente da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Bolognese disse que a
avaliação suscitou, há duas décadas, em um salto qualitativo bem
definido e que, com isso, o sistema induziu o aperfeiçoamento de toda a
parte de publicações, de geração de patentes e todas as outras formas de
produção que estão envolvidas no conhecimento científico.
 Ana Maria Bolognese (Foto: Felipe Lima - CCS/Capes) "O
que eu posso notar, em termos de visualização gráfica das respostas, é
que houve uma curva ascendente, positiva, trazendo uma expressiva
melhora para toda comunidade científica. O que se vê atualmente, e que
nós esperamos, é que as propostas de internacionalização e de atuação
junto ao ensino básico estão sendo trabalhadas para serem efetivadas, o
que sempre foi o objetivo de Anísio Teixeira", disse.
A professora, dentre mais de mais 1.200 consultores vindos de todas
as regiões do Brasil, trabalharão durante quatro semanas no
edifício-sede da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (Capes) avaliando 5.700 cursos de mestrado profissional,
mestrados e doutorados acadêmicos autorizados a funcionar no país. Os
dados analisados têm como base as atividades dos anos de 2010, 2011 e
2012. A primeira semana da Avaliação Trienal foi aberta nesta segunda-feira, 30 de setembro.
O consultor Siang Wun Sang, da Universidade de São Paulo (USP), falou
sobre a evolução dentro da sua área, a computação. Segundo ele, há
cerca de 15 anos, quando era coordenador de área da Capes, havia
aproximadamente 30 programas e hoje já somam quase 80. "Temos uma área
em crescimento e muitos cursos são mais novos. Temos que analisar
cuidadosamente quais são os cursos que precisam de alguma promoção de
nível, os que precisam de um 'puxão de orelha', pois quando se tem um
crescimento muito grande é diferente de uma área que é mais
estabelecida, que não muda muito", explicou.
 Siang Wun Sang (Foto: Felipe Lima - CCS/Capes)
Para
Sang, houve evolução na equipe de consultores para realização da
avaliação. "Lembro, na última avaliação que participei, há uns seis
anos, que a equipe era pequena. Dava um trabalho muito grande. Dessa
vez, além da comissão permanente, chamaram consultores externos. Acho
que essa equipe ficou proporcional ao tamanho da área e isso foi
excelente", afirma. O professor também reconheceu a importância da
realização dos Seminários de Preparação, realizados no mês de agosto e disse que o sistema, em um geral, melhorou bastante.
 Moisés Goldbaum (Foto: Felipe Lima - CCS/Capes) Evolução Para
Moisés Goldbaum, consultor da área de saúde coletiva e vinculado à USP,
a avaliação é um processo de sucesso que o Brasil apresenta para o
resto do mundo. "É o melhor sistema de avaliação que temos, embora
nenhum seja perfeito, e tem funcionado como um sistema indutor para a
produção de recursos humanos e de conhecimento. Realmente tem funcionado
muito bem nesse papel", afirmou.
Goldbaum disse que, apesar do êxito de todo o processo, isso não
significa que não seja preciso fazer revisões para aprimorá-lo. "À
medida que a indução vai chegando num certo ponto, também temos que
rever como é feita a avaliação, assim como já aconteceu quando a
classificação era por letras – o poder de discriminação passou a ficar
muito pequeno e foi preciso mudar", contou.
Sobre a área de saúde coletiva, Goldbaum disse que a comunidade
recebe bem o processo de avaliação e que este deve ser olhado como um
processo indutor dos avanços que o setor necessita. "Acho que a área
responde bem a isso, tanto que os programas têm tido um deslocamento
para a direita no ponto de vista acadêmico, já que estão subindo de
conceito, entendendo que essa é uma forma de responder social e
academicamente às nossas demandas na pós-graduação", concluiu professor.
 Henrique Bursztyn (Foto: Felipe Lima - CCS/Capes) Iniciantes Henrique
Bursztyn, consultor da área de matemática e vinculado ao Instituto
Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), Emília Celma Lima, da
área de química e vinculada à Universidade Federal de Goiás (UFG), e
Wagner Prado, da área de educação física e professor na Universidade de
Pernambuco (UPE), participam pela primeira vez de uma Avaliação Trienal e
ainda não tiveram experiência como consultores nas respectivas áreas.
Desta forma a visão dos três como consultores iniciantes é de certo
estranhamento e surpresa.
"Estou vindo pela primeira vez e não tinha uma ideia muito clara do
volume de trabalho envolvido. É enorme, o que me surpreendeu um pouco",
disse Henrique Bursztyn. Na área de matemática, segundo ele, são 15
consultores e mais de 50 programas. Uma média de três a quatro por
pessoa. "Tive alguma dificuldade na análise dos dados, na forma como são
apresentados. São vários arquivos separados, que têm que juntar.
Existem maneiras que facilitariam a análise dos dados, se fossem
consolidados todos os anos juntos", analisou.
 Emília Lima (Foto: Felipe Lima - CCS/Capes)
Já para Emília Lima, a infraestrutura disponibilizada pela Capes é
adequada, apesar de haver alguns problemas nos aplicativos e sistema
informatizado, que já tem previsão de serem resolvidos com uma nova
plataforma que já está sendo trabalhada. "É muito legal você ver a
preocupação que todos estão tendo de avaliar da melhor maneira possível,
de ficar horas revisando os dados. É legal ver que é tudo muito
profissional e feito com boa vontade. A experiência é muito boa. Outra
percepção, vindo aqui pela primeira vez, é que eu posso fazer mais pelo
meu programa."
Já Wagner Prado revelou. "É muito mais trabalho do que eu imaginava
estando de fora". Segundo o professor, quando foi coordenador no seu
programa de pós-graduação, a impressão que tinha sobre a avalição
trienal era como algo muito mais subjetivo, mais tranquilo, o que na
verdade não é. "Minha perspectiva agora é de muito trabalho. A avaliação
é muito concreta, muito objetiva, sem muitos vieses, diferente do que a
gente acha quando está fora", afirmou.
 Wagner Prado (Foto: Felipe Lima - CCS/Capes) |