Nesta última semana da Avaliação Trienal 2013, a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) recebe os
consultores da área Interdisciplinar - a maior comissão de área da
Capes, com 83 membros. Atualmente, a Interdisciplinar apresenta a maior
taxa de crescimento entre as áreas e, em razão, de seu expressivo número
de cursos encontra-se dividida em quatro câmaras: Desenvolvimento &
Políticas Públicas; Sociais & Humanidades; Engenharia, Tecnologia
& Gestão; e Saúde & Biológicas.
 Coordenadora Adjunta da área Interdisciplinar, Adelaide Faljoni-Alario (Foto: Guilherme Feijó - CCS/Capes)
Crescimento e Divisão Para a coordenadora-adjunta
da área Interdisciplinar, Adelaide Faljoni-Alario, o crescimento da
área se deu por conta da natureza da ciência, que por si só, é
interdisciplinar. "A área foi criada em 1999, inicialmente com a ideia
de ser um comitê incubador de propostas que tivessem conhecimento e
saberes de várias áreas para tentar resolver um problema complexo. Mas
esse espírito de incubadora não se verificou, o que ficou claro para nós
é que a interdisciplinaridade é uma demanda das bases, quer dizer, é o
próprio movimentos das ciências, porque as ciências são
interdisciplinares", explica.
O crescimento é bom, mas para o coordenador da área, Pedro Pascutti,
essa expansão deve ter um limite, uma vez que pode prejudicar os
trabalhos da comissão. "Todas as áreas chegam a um limite e se não
chegarem, a avaliação fica prejudicada, a discussão fica prejudicada. É
muito importante na avaliação a discussão de opiniões sobre os programas
que estão sendo avaliados e quando se cresce muito se perde essa
possibilidade de estar discutindo cada produção, proposta, cada
participação discente", disse.
O coordenador-adjunto de Mestrado Profissional, Eduardo Winter,
explica, no entanto, que a divisão da área ou mesmo a criação de outras
câmaras poderia prejudicar sua identidade. "O tamanho da área, entre
outras coisas, dificulta sua gestão. Porém é difícil separar a área
interdisciplinar porque corremos o risco de perder um pouco dessa
unidade e até de descaracterizar a interdisciplinaridade, que vem sendo
criada ao longo desses anos", comentou.
 Coordenador Adjunto de Mestrado Profissional da área Interdisciplinar, Eduardo Winter (Foto: Guilherme Feijó - CCS/Capes)
Pascutti também compartilha a opinião de que a criação de novas
câmaras poderia descaracterizar a área. "A ideia de câmara acaba levando
a uma partição da área e com o crescimento e a partição, leva a um
isolamento em disciplinas, ou seja, a interdisciplinar acaba se partindo
em várias áreas disciplinares e não é isso o que se pretende com a
prática interdisciplinar. Como funciona atualmente, existe grande
participação de consultores de uma câmara na outra, plenárias conjuntas e
discussões conjuntas", disse.
Análise Preliminar Para Winter, a triagem,
realizada em 2012 e 2013, para definir se as proposta de cursos para a
área interdisciplinar permaneceriam na área ou seriam alocadas em
outras, é importante para não inflar a interdisciplinar de programas que
poderiam estar em outras áreas. No entanto, sugere que esta análise
deveria ser realizada com a participação do proponente.
"A análise preliminar tem que ser feita, porque existem cursos que
têm características disciplinares ou que estão muito bem caracterizados
em alguma outra câmara, na qual poderiam ser alocados. No entanto,
devemos sempre levar em consideração a intenção que o proponente teve ao
elaborar a proposta, muitas vezes o que ele quer mesmo é ter esse
ambiente interdisciplinar em seu curso e acaba pedindo que a proposta
seja reencaminhada a área interdisciplinar", explicou.
 Coordenador da área Interdisciplinar, Pedro Geraldo Pascutti (Foto: Edson Morais - CCS/Capes)
Faljoni-Alario ressalta que a área interdisciplinar está engajada em
realocar corretamente os cursos, mas alerta para o cuidado que deve
existir, por parte dos comitês disciplinares, ao analisar propostas
encaminhadas inicialmente à interdisciplinar. "Ao avaliar cursos
realocados pela área interdisciplinar, os comitês disciplinares tem que
ter esse 'jogo de cintura' para perceber que aquela proposta foi feita
para a interdisciplinar e que, por isso, terão que ter um olhar
diferente", afirmou.
APCNs A percepção por parte da comunidade
acadêmica de que a aprovação de propostas de cursos novos na área
Interdisciplinar é "mais fácil" que nas outras áreas é tida como errônea
pelos coordenadores da área. Para Pascutti, além de satisfazer os
critérios de produção de propostas e todos os quesitos da avaliação,
ainda é necessário satisfazer os critérios de interdisciplinaridade da
proposta. "Na comunidade dos programas interdisciplinares essa percepção
não existe, porque o crivo é bastante alto. É a área que mais cresce na
Capes, mas também a que tem a menor aprovação proporcionalmente entre
as áreas da Capes. Essa menor aprovação é justamente pelos critérios de
interdisciplinaridade que precisam ser satisfeitos na proposta, essa é a
maior causa de reprovação", afirma.
Segundo Adelaide, apenas 20% das propostas são aprovadas, o que
revela o rigor com que a área trabalha. "Podemos dizer que somos mais
rigorosos que os outros comitês, pois além da avaliação dos requisitos
comuns a qualquer área, avaliamos a pertinência à área interdisciplinar.
Por exemplo, as propostas têm que conter disciplinas compartilhadas com
outros docentes, os projetos de pesquisa não podem ser individuais,
pois tem que ter a colaboração de mais de um docente e devem ser
formados verdadeiros grupos de pesquisas interdisciplinares," completou.
Gisele Novais |